terça-feira, 6 de novembro de 2007

Doença Celíaca

por Andréia Taborda

A doença celíaca, freqüentemente chamada de enteropatia sensível ao glúten, é causada por uma reação do organismo à gliadina, uma proteína componente do glúten. O mecanismo pelo qual a gliadina danifica o intestino envolve processo genético e imunológico. A gliadina sensibiliza as células do sistema imune, o que leva a danos às paredes do intestino.

Essa lesão nas paredes intestinais provoca morte das células o que faz com que diminua severamente a área disponível para a absorção de nutrientes, resultando em má absorção desses. Uma dieta sem gliadina (glúten) geralmente reverte o processo e o intestino volta ao normal; entretanto, algumas pessoas podem necessitar de meses ou até mesmo anos para a recuperação máxima. A gliadina, presente no glúten, deverá ser evitada por toda a vida, pois qualquer quantidade é prejudicial e agressiva aos celíacos.

Os sintomas podem variar de evidência, de osteomalácia ou problemas dentários até anemia por deficiência de ferro, devido à má absorção desses minerais. A Doença Celíaca geralmente se manifesta na infância, entre o primeiro e o terceiro ano de vida. Os sintomas mais comuns nas crianças são diarréia, insuficiência de crescimento, vômitos, abdômen inchado e fezes que são anormais na aparência e odor. Os adultos podem ter apetite aumentado, diarréia crônica, perda de peso, fraqueza e fadiga ou podem estar presentes anormalidades do sangue.

Uma dieta sem gliadina evita todas as complicações intestinais causadas por essa doença. O glúten pode estar presente em alimentos como ingrediente básico ou adicionado como um derivado quando o alimento é processado ou preparado. Sendo assim, ler os rótulos cuidadosamente é muito importante. A lei federal nº. 10674, de 2003, determina que todas as empresas que produzem alimentos precisam informar obrigatoriamente em seus rótulos se aquele produto “CONTÉM GLÚTEN” ou "NÃO CONTÉM GLÚTEN".

Além de ser encontrado numa infinidade de alimentos industrializados, o glúten está presente em alimentos como pães, bolos, tortas salgadas e doces, massas, cerveja ou qualquer receita que utilize farinha de trigo, farinha de rosca, aveia, cevada, centeio e malte. Porém, atualmente existem diversas receitas adaptadas para pessoas celíacas, o que não permite a generalização do que pode e o que não se pode comer. As preparações podem ser adaptadas utilizando farinha de mandioca, fécula de batata, fécula de mandioca, fécula ou farinha de arroz, polvilho, farinha de milho, fubá, farinha de soja, batatas brancas e doces, inhame, canjica e arroz.

É importante estar atento ao método de preparo utilizado, pois muitas vezes a farinha é adicionada a preparações sem que o consumidor consiga visualizar sua presença, podendo essa ser utilizada para engrossar molhos, untar fôrmas, na fabricação de croquetes, salsichas, bolo de carne e adicionada a peixes grelhados e fritos. Isto é especialmente considerado quando se come fora de casa.
Fontes:
- FRANCO, G. Tabela de composição química de Alimentos. 9ª edição. Rio de Janeiro, Atheneu, 1992.
- KRAUSE, M. V., MABRAN, K. L. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 10ª ed. São Paulo: Roca.
- MURRAY, J. A., The widening spectrum of celiac disease. Am. J. Clinical Nutrition, Mar 1999; 69: 354 - 365.