quinta-feira, 24 de abril de 2008

Eu sou do cerrado!

por Marcela Laner

Na semana de aniversário de Brasília vamos falar um pouco sobre os frutos daqui!

Os frutos das espécies nativas do cerrado oferecem um elevado valor nutricional, além de atrativos sensoriais como, cor, sabor e aroma peculiares e intensos, ainda pouco explorados comercialmente.

ARATICUM
De dezembro a abril, frutifica no cerrado uma fruta parecida com uma pinha, bastante apreciada e conhecida no país e no mundo: é o araticum. Essa fruta, de coloração verde-escura, textura rugosa e escamosa e de polpa bastante leve e cremosa, se desmancha na boca, proporcionando sabor agradável e perfume doce. É consumida principalmente in natura, mas sua polpa serve como ingrediente para sucos e refrescos. O araticum é fonte das vitaminas B1, B2, PP e apresenta teores de pró-vitamina A que variam entre 70 e 150 retinol equivalente por 100g de polpa.

BARU
O baru é um fruto marrom, de casca fina, com cerca de 5 cm de comprimento, produzido pelo baruzeiro nos meses de setembro a outubro. Esse fruto envolve uma amêndoa dura e comestível, de sabor parecido com o do amendoim.
O fruto apresenta alto valor nutricional, com cerca de 26% de teor de proteínas, o que o coloca acima do coco-da-bahia em termos nutritivos. A amêndoa pode ser consumida crua, mas quando torrada emprega-se no preparo de paçoquinha, rapadura e pé-de-moleque.

BURITI
É um coquinho de coloração castanho-avermelhada que dá aos cachos. Quando maduros, ofertam uma deliciosa polpa amarelo-ouro. Esses coquinhos são recobertos por pequenas escamas. Essa polpa também serve para fazer diversos doces, sorvetes, cremes, geléias, licores, vitaminas e paçoquinhas. Do seu broto terminal extrai-se também um saboroso palmito.
O buriti constitui uma das principais fontes de pró-vitamina A encontradas na biodiversidade brasileira (6.490 microgramas de retinol equivalente por 100g de polpa). O elevado potencial pró-vitamínico deste fruto é resultado dos altos teores de beta-caroteno, principal fonte pró-vitamina A encontrada no reino vegetal.

CAGAITA
Fruta nativa brasileira originada do Cerrado, a cagaita é arredondada, de cor amarela, bastante suculenta e de sabor ácido. Cerca de 90% de cada fruto representa suco. De 1 a 3 sementes são encontradas em cada fruto, envoltas por uma polpa comestível de cor alaranjada.
Se consumido em grandes quantidades a cagaita estimula o funcionamento intestinal. É uma excelente fonte para a produção de deliciosos sucos, geléias, doces, licores e sorvetes.

FRUTA-DO-LOBO
A fruta-do-lobo apresenta aspecto globoso, ligeiramente achatado, semelhante a um tomate. Verde quando jovem e amarelo quando maduro, é bastante aromático e sua polpa é abundante e adocicada. Seu aroma é parecido com o da maçã, podendo ser consumida seja in natura ou na forma de doces, como geléias. Tal fruta rende resultados bastante satisfatórios na preparação de pessegadas (quando adicionada aos pêssegos) e de marmeladas (quando adicionada aos marmelos).

GABIROBA
Fonte alimentar para aves, peixes e humanos, a gabiroba é uma frutinha arredondada, verde-amarelada, com uma suculenta polpa verde que envolve várias sementes. Frutifica de dezembro a maio, recheando os cerrados de seu adocicado sabor e vitaminas.
O fruto, que constitui o principal recurso oferecido pela planta, pode ser consumido in natura ou utilizado para se fazer doces, sucos e sorvetes, além de servir de matéria-prima para o preparo de um delicioso e bastante apreciado licor.

GUARIROBA
De outubro a fevereiro, nosso Cerrado nos presenteia aos cachos com coquinhos verde-amarelados bastante apreciados: a guariroba. Da amêndoa do coquinho podem ser feitos diversos doces caseiros, além de óleos comestíveis bastante apreciados na culinária regional. O óleo extraído dessa amêndoa pode, também, ser empregado na produção de sabões. Mas o principal atrativo da guariroba é o palmito (broto terminal) extraído de seu caule. Ingrediente de variados pratos e saladas, rende iguarias conhecidas por toda a região.

JATOBÁ
O jatobá é o exemplo mais representativo do potencial das frutas do cerrado. Além de energético natural, tem uma composição muito superior de potássio quando comparado com outras frutas. A concentração é três vezes maior que a da banana, por exemplo, o que o torna indicado para uma reposição isotônica até mesmo para atletas. O fruto tem sido transformado em farinha ou em suco para ser vendido no mercado. O jatobá também conta com alto teor de cálcio, fósforo, magnésio e ferro, que ajudam no crescimento de crianças e na prevenção da osteoporose.

PEQUI
O pequi é uma frutinha do tamanho de uma pequena laranja, de cor verde, que nos meses de janeiro a abril confere ao cerrado um perfume bastante agradável.
Abrindo sua casca, encontramos de uma a quatro amêndoas, envolvidas por uma saborosa polpa, que pode ser amarela, branca ou rosa. É preciso tomar muito cuidado ao comer o pequi, porque no seu caroço existem espinhos bem finos e penetrantes, que podem machucar sua boca ao mastiga-lo.
Além do agradável sabor e perfume penetrante, este fruto contém cerca de 60% de óleo comestível, sendo também rico em vitamina A e proteínas. É bastante apreciado nas regiões onde ocorre, cerrados e matas do Brasil Central, seja como fruta in natura, seja como ingrediente de diversos pratos típicos desta região brasileira. O pequi vai bem no arroz, feijão e frango cozidos. É utilizado também na produção de doces, licores e sucos. Suas amêndoas apresentam algumas propriedades químicas, aproveitadas pela indústria de cosméticos para a produção de cremes e sabonetes.

Referências Bibliográficas:
Www.todafruta.com.br
www.cenargem.embrapa.br

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Arroz e feijão nosso de cada dia


por Ana Paula

O arroz e o feijão compõem um prato típico na mesa do brasileiro. E as pessoas que mantêm esse hábito fazem muito bem! Tal combinação, além de saborosa, é bem-vinda sob o ponto de vista nutricional. Vamos saber por quê!

O arroz faz parte do grupo dos cereais e constitui importante fonte de carboidratos complexos, nutriente essencial para uma alimentação saudável, pois é responsável por grande parte da energia utilizada pelo nosso corpo. Além disso, é composto por proteínas, vitaminas do complexo B, minerais, ácidos graxos essenciais e fibras alimentares (especialmente o arroz integral). A recomendação de consumo de cereais, juntamente com o grupo dos pães, massas, tubérculos e raízes (todos ricos em carboidratos), é de 6 porções diárias. No tocante ao arroz, além do branco polido, há vários outros tipos tais como o arroz parbolizado, o arbóreo, o integral e outros. Faça uso dos diferentes tipos de arroz e tenha uma alimentação rica em sabores diferentes e nutrientes!

O feijão é integrante do grupo das leguminosas. Este é o grupo de alimentos vegetais mais ricos em proteínas. Os feijões contêm ainda carboidratos complexos e são ricos em fibra alimentar, vitaminas do complexo B, ferro, cálcio e outros minerais, bem como em outras substâncias que auxiliam na manutenção da saúde. Contêm pequenas quantidades de gordura, quase toda de boa qualidade nutricional (insaturada). A recomendação é de que se coma 1 porção do grupo das leguminosas por dia. No Brasil são encontradas várias espécies de feijão. Aproveite essa diversidade! Varie os tipos de feijões usados (preto, carioquinha, verde, de corda, branco e outros) e as formas de preparo.

Juntos, arroz e feijão compõem uma combinação alimentar saudável, além de completa em proteína, o que significa que, se consumidos em uma mesma refeição, oferecem todos os aminoácidos necessários (compostos que formam as proteínas). O arroz é pobre no aminoácido lisina, que por sua vez é encontrado no feijão; já o feijão apresenta pouca quantidade do aminoácido metionina, o qual ocorre facilmente no arroz. Desta forma, podemos dizer que arroz e feijão “casam-se” perfeitamente! Recomenda-se o consumo diário de feijão com arroz, na proporção de 1 para 2 partes.

A proteína proveniente da combinação arroz e feijão é quase tão completa quanto aquela encontrada na carne, e traz algumas vantagens sobre a mesma. Os cereais e leguminosas são relativamente mais baratos que a carne; podem ser integrais e, em geral, altamente nutritivos e, ao contrário da carne, têm pouca gordura, em especial as saturadas (que são piores à saúde). Porém, não é preciso deixar de consumir carne, já que esta não é fonte somente de proteínas, como também de ferro e vitaminas do complexo B, além de outros nutrientes. É preciso ter equilíbrio e harmonia na escolha das fontes protéicas animal e vegetal, a fim de se obter uma alimentação saudável em todos os aspectos.

De acordo com pesquisas realizadas no país relacionadas a consumo alimentar (Pesquisa de Orçamento Familiar – POF 2002/2003), as pessoas têm reduzido o consumo de arroz e feijão no país. Além disso, têm substituído os alimentos ricos em carboidratos complexos por alimentos industrializados e alimentos que são fontes de grande quantidade de gordura, fato que compromete uma alimentação nutricionalmente correta.

É preciso resgatar o hábito do consumo de arroz e feijão, tão tradicional na mesa brasileira! No entanto, para que a refeição seja realmente saudável, é preciso estar atento ao modo de preparo! Preparações de feijão ou arroz que levam carnes gordas e embutidos (como lingüiça e paio) devem ser evitadas, pois elevam muito a quantidade de gorduras saturadas e sal, diminuindo o efeito positivo do consumo de feijões. A tradicional feijoada deve ser consumida eventualmente. O bom mesmo é o velho conhecido arroz com feijão de todos os dias!

Fontes:
1. GARCIA, Rosa Wanda Diez. Reflexos da globalização na cultura alimentar: considerações sobre as mudanças na alimentação urbana. Revista de Nutrição, v. 16, n.4, Campinas, 2003.
2. WANDER, Alcido Elenor. Produção e consumo de feijão no Brasil, 1975-2005. Informações Econômicas, v.37, n.2, São Paulo, 2007.
3. MONDINI, Lenise, MONTEIRO, Carlos A. Mudanças no padrão de alimentação da população urbana brasileira (1962-1988). Revista Saúde Pública v.28, n.6, São Paulo, 1994.
4. Guia Alimentar para a população brasileira. Ministério da Saúde, Brasília, 2005.