quarta-feira, 24 de abril de 2013

Segurança Alimentar e Nutricional entre povos indígenas



Você sabia que devido aos séculos de contato com diferentes frentes colonizadoras é inevitável constatar alterações que colocam em risco a sobrevivência física e cultural das populações indígenas do Brasil? Isso acontece porque as terras indígenas sofrem com o crescimento demográfico, com restrição dos espaços territoriais, pressão externa acrescida de degradação ambiental, entre outros. Isso implica na redução significativa do estoque de recursos naturais sob controle dessas populações.
Deste modo, quando há falta de alimentos que possam suprir as necessidades alimentares das populações indígenas, há aumento do uso de insumos externos, com consequente dependência de produtos industrializados, alterando hábitos de consumo e práticas tradicionais de produção de alimentos desses povos. Estas transformações as quais os povos indígenas estão expostos influenciam a qualidade de vida e a segurança alimentar dessas comunidades.


Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que seja social, econômica e ambientalmente sustentáveis.
É perceptível então, que grande parte das populações indígenas tem o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) afetado; este é alcançado quando homens, mulheres e crianças têm acesso físico e econômico, em todos os momentos, à alimentação adequada ou meios para sua obtenção. Assim podemos concluir que estas populações estão em (In) segurança alimentar, que também pode ser compreendida como a negação do direito à alimentação saudável e adequada.
Para avaliar a situação de segurança/insegurança alimentar existente em diversas populações, é possível citar o método de avaliação da Insegurança Alimentar, feito através da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) Este método, utilizado por Segall-Corrêa entre alguns grupos indígenas, classifica a segurança/insegurança alimentar em quatro níveis: segurança alimentar, insegurança leve, insegurança moderada e insegurança grave. Tal escala é elaborada a partir de questionário com 15 perguntas relativas ao medo de passar fome nos últimos 3 meses das famílias entrevistadas. Em tentativa de mensurar a segurança/insegurança alimentar entre indígenas do Mato Grosso do Sul, a utilização da EBIA mostrou como resultado que apenas 24,5% das famílias vivem em situação de segurança alimentar; ainda pode-se observar outros dados ao analisar o mapa da fome entre os povos indígenas no Brasil, nos anos 90, das 297 etnias indígenas consultadas, 66,67% apresentava algum grau de insegurança alimentar, 44% apresentava evidências de fome, 12,79% apresentavam carências alimentares e 9% fome sazonal.


 É necessário, portanto, resgatar e propiciar novos conhecimentos que fortaleçam a segurança alimentar e garantam sobrevivência das futuras gerações indígenas. Atualmente, as populações indígenas estão se organizando de forma maciça, formando Comitês, fazendo parcerias, mobilizando suas populações e buscando cada vez mais informações que lhes sejam benéficas e capazes de influenciar e melhorar suas condições de vida.


REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Marta Maria et al. Estudo do Conceito e Percepção de Segurança Alimentar e Nutricional entre os Guarani no Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.fef.unicamp.br/departamentos/deafa/qvaf/livros/foruns_interdisciplinares_saude/cultura/cultura_alimentarcap17.pdf>. Acesso em: 05 de dezembro de 2012.

CONSEA. Guia para Análise de Políticas e Programas Públicos de Segurança Alimentar e Nutricional sob a Perspectiva dos Direitos Humanos. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Brasília: CONSEA, 2009. Disponível em: <http://www.fao.org/righttofood/publi10/BRAZIL_2_GuiadeAnalisedePoliticas.pdf>. Acesso em: 08 de dezembro de 2012.

CONSEA. Princípios e Diretrizes de Uma Política de Segurança Alimentar. Conselho Nacional de Segurança Alimentar. Brasília: CONSEA, 2004. Disponível em: www.fomezero.gov.br/download/principios_pnsan.pdf>. Acesso em: 08 de dezembro de 2012.

DIAS, Terezinha. Segurança Alimentar e Agricultura Indígena. Arca de Noé. Brasileiros de Raiz. Revista bimestral da RRCK Comunicação e Marketing. Ano I. Nº 2. Brasília. 2011.

FÁVARO, Thatianaet al. Segurança Alimentar em famílias indígenas Teréna, Mato Grosso do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n4/05.pdf>. Acesso em: 01 de dezembro de 2012.

OLIVEIRA, João Pacheco de. A desintrusão das terras indígenas: problemas e desafios atuais. In: SAUER, Sérgio; ALMEIDA, Wellington. (orgs.). Terras e territórios na Amazônia:demandas, desafios e perspectivas. Brasília: Editora UnB, 2011.

PAULA, Luís Roberto de. Povos indígenas e o “mercado de projetos”: desafios para o controle social de convênios e contratos. In: SOUSA, Cássio Noronha Inglez de; ALMEIDA, Fábio Vaz Ribeiro de; LIMA, Antonio Carlos de Souza; MATOS, Maria Helena Ortolan (orgs.). Povos Indígenas: projetos e desenvolvimento II.Brasília: Paralelo 15, Rio de Janeiro: Laced, 2010. p. 187-200.

SEGALL-CORRÊA, A.M. et al.Relatório Técnico Final: estudo dos conceitos, conhecimentos e percepções sobre segurança alimentar e fome em quatro grupos de etnia Guarani no estado de São Paulo. Campinas: Unicamp, 2009. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/84518751/relatorio-final-abril-2010-1-Seguranca-alimentar-e-Nutricional-guarani-sao-paulo>. Acesso em 10 de dezembro de 2012.



sexta-feira, 19 de abril de 2013

Gordura trans: Porque evitar?



Com certeza você já ouviu falar da gordura trans, não é? Basta observar as informações nutricionais nos rótulos de alguns alimentos, que lá estará declarado o teor de gordura trans que contém no produto. Mas afinal, o que é essa tal gordura trans e porque devemos evitar o seu consumo?

A gordura trans, também chamada de gordura hidrogenada, é produzida a partir de um processo de hidrogenação natural (no rúmen de animas) ou industrial, convertendo óleos vegetais em gorduras sólidas. Ela está presente em boa parte dos alimentos industrializados e é utilizada para aumentar o tempo de conservação e manter a consistência e o sabor dos alimentos.

Apesar de serem produzidas a partir de gorduras vegetais, elas são prejudiciais à saúde. Isso porque o nosso organismo não é capaz de metabolizar grandes quantidades dessas gorduras processadas sem sofrer sérias conseqüências.

O consumo de gorduras trans aumenta os níveis de colesterol contribuindo para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, por isso, deve ser evitado.

Estudos sugerem que dietas com altas quantidades de gorduras trans estão associadas a um maior risco de desenvolver doença coronariana, ao passo que dietas com baixo teor desse tipo de gordura, associadas à ingestão de fibras, trazem benefícios à saúde, como a redução do risco dessas doenças.

A maioria dos bolos, tortas, sorvetes, biscoitos, chocolates, salgadinhos, margarinas, frituras, massas, recheios, coberturas e pães industrializados em geral utilizam a gordura trans como ingrediente. Quanto menos você consumir alimentos com esse ingrediente, melhor para a sua saúde, por isso é importante estar atento às informações nutricionais do rótulo.

Alguns alimentos merecem muita atenção, pois, mesmo com a informação no rótulo indicando zero gordura trans eles possuem gordura hidrogenada nos ingredientes. Isso acontece porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permite o uso dessa alegação desde que o alimento tenha no máximo 0,2 g de gordura trans por porção. E geralmente a porção definida é menor que a quantidade consumida.

A ingestão de gorduras trans, mesmo em baixas quantidades, não é recomendada. Portanto fique atento à rotulagem e evite alimentos que tenham gordura hidrogenada, gordura trans, gordura vegetal ou óleo vegetal hidrogenado em seus ingredientes.


Referências:


ANVISA. Sistema de Perguntas e respostas – Gorduras trans. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/faqdinamica/asp/usuario.asp?usersecoes=28&userassunto=104> Acesso em: 12 de abril de 2013.


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 210 p.


MARTIN, Clayton Antunes; MATSHUSHITA, Makoto; SOUZA, Nilson Evelázio de. Ácidos graxos trans: implicações nutricionais e fontes na dieta. Revista Nutrição,  Campinas,  v. 17,  n. 3, Set.  2004.   Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1415-52732004000300009&script=sci_arttext >. Acesso em 3  Abr.  2013.



terça-feira, 9 de abril de 2013

O que você sabe sobre adoçantes?


           


            Se você costuma olhar os rótulos dos produtos que compra, provavelmente já deve ter visto no final da lista de ingredientes vários nomes meio complicados que você não conseguiu identificar, não é?


Esses ingredientes são os aditivos alimentares, substâncias geralmente sem valor nutritivo que são adicionadas aos alimentos para modificar características sensoriais, como sabor, cheiro, cor e textura, e também para conservação e estabilização. Eles estão comumente presentes nos produtos industrializados. Alguns exemplos de aditivos são os espessantes, os corantes, os aromatizantes, os conservadores, os antioxidantes e os edulcorantes.
Os edulcorantes são substâncias, diferentes dos carboidratos, usadas para adoçar os alimentos, por isso, também chamados de adoçantes. São geralmente utilizados por pessoas que almejam diminuir a ingestão calórica para controle do peso ou que necessitem controlar o consumo de carboidratos, como por exemplo, os portadores de diabetes, e também estão presentes em produtos diet e light, que tem isenção total ou parcial de algum ingrediente, respectivamente, nesse caso o açúcar. Podemos citar alguns desses produtos: refrigerantes, sucos industrializados, chocolates, iogurtes, biscoitos, gomas de mascar, gelatinas, sorvetes.


          Os edulcorantes mais comuns são: aspartame, ciclamato de sódio, sacarina sódica, stevia, frutose, acessulfame-K, sucralose, manitol, xilitol, sorbitol. O aspartame, a frutose, o sorbitol e o xilitol fornecem 4 Kcal/g e o manitol, 2,4 Kcal/g. Os demais não possuem calorias. Esses produtos possuem poder adoçante maior que o da sacarose (“açúcar de mesa”), alguns deles com potencial bastante alto, como a sucralose, com poder adoçante de 600 a 800 vezes maior que o açúcar.


Em 2008, a ANVISA, órgão que regulamenta o uso de aditivos alimentares no Brasil, atualizou a lista de edulcorantes permitidos no país, que conta com 16 tipos de adoçantes.

Como vem aumentando o consumo de produtos industrializados, a ingestão dos aditivos alimentares também cresceu, e o consumo excessivo e crônico dessas substâncias pode ter consequências negativas. Em relação aos edulcorantes, surgiram discussões em relação ao potencial carcinogênico do uso contínuo desses ingredientes.

Para proporcionar mais segurança no consumo desses produtos foram estabelecidos limites para a ingestão de edulcorantes, a partir de vários estudos toxicológicos. A Ingestão Diária Aceitável (IDA) é a quantidade máxima que se deve consumir de determinado aditivo que não causará efeitos nocivos à saúde e é expressa em mg/Kg de peso corpóreo. Por exemplo, o aspartame tem uma IDA de 40mg/Kg de peso corpóreo, o que significa que uma pessoa de 60 Kg poderá consumir diariamente 2400mg, sem risco significativo.

O ciclamato e a sacarina devem ser usados com moderação por pessoas hipertensas, pois contém sódio em sua composição, o que pode contribuir para o aumento da pressão.

Os edulcorantes podem ter gostos residuais e a stevia é um que apresenta essa característica bastante presente. Esse adoçante é um produto natural extraído de uma planta e tem poder adoçante 300 vezes maior que o da sacarose (“açúcar de mesa”). Muitas pessoas não se adaptam ao uso da stevia pelo seu sabor residual amargo.

Os adoçantes podem ser uma boa opção para aquelas pessoas que queiram reduzir o peso ou precisem reduzir o consumo de açúcares. Mas, em outras situações, não há necessidade de seu uso. O que deve sempre ser lembrado, é que em qualquer situação é importante reduzir o consumo de produtos industrializados, que geralmente possuem grandes quantidades de açúcar e outros ingredientes (gordura e sódio) que em excesso podem trazer danos à saúde.


Referências:

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Anvisa autoriza novos edulcorantes em alimentos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2008/190308.htm. Acesso em: 04 Abr. 2013.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Informe Técnico nº 17, de 19 de janeiro de 2006. Considerações sobre o Uso do Edulcorante Aspartame em Alimentos Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/alimentos/informes/17_190106.htm. Acesso em: 04 Abr. 2013.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Edulcorantes e suas características. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/adocantes.pdf. Acesso em: 04 Abr. 2013.
ZANINI, Roberta de Vargas. Prevalência de utilização de adoçantes dietéticos: um estudo de base populacional. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pelotas; Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, 2010. Pelotas: UFPel, 2010. Disponível em: http://www.epidemio-ufpel.org.br/uploads/teses/dissert%20zanini.pdf. Acesso em: 04 Abr. 2013.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Hipertensão Arterial x Consumo de sal


Hoje em dia, com o ritmo de vida acelerado, alimentação inadequada e sedentarismo houve um aumento no número de indivíduos portadores de doenças crônicas, dentre elas a Hipertensão Arterial Sistêmica. Esta doença é um fator de risco importante para doenças cardiovasculares, sendo a causa de mortes em 40% dos casos de acidente vascular cerebral e 25% das doenças cardiovasculares, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2010). 

Mas afinal, o que é Hipertensão Arterial Sistêmica? Esta doença caracteriza-se pela elevação anormal das pressões arteriais sistólica e/ou diastólica, com valores acima de 140 x 90 mmHg, obtidas por 3 repetições em cada consulta, nos 2 braços,  em diferentes ocasiões. Se a medição ocorrer em casa, é importante procurar o serviço de saúde mais próximo para diagnóstico e tratamento correto.


Um dos fatores relacionados a esse aumento é o consumo excessivo de sódio. A recomendação individual diária da Organização Mundial de Saúde de sódio é de 2400 mg (ou 6g de sal – NaCl), mas segundo dados do Ministério da Saúde (2004), brasileiros consomem em média o dobro disso: 12g de sal. Esse alto consumo é devido tanto ao sal de adição como pelo consumo de produtos industrializados, desde biscoitos recheados até massas congeladas, que contem sódio utilizado como conservante, em grandes quantidades.

Como já foi mostrado, é muito importante reduzir esse consumo, mas o que fazer? O ideal é retirar o saleiro da mesa, evitar o consumo de temperos prontos e o consumo de produtos industrializados. Como alternativa a essas mudanças, é importante usar ervas e condimentos naturais, como alho, cebola, coentro, salsinha, orégano, pimenta, tomilho e muitos outros para temperar os alimentos de forma saudável.
            Deixo para vocês duas receitas que levam esses ingredientes e são ótimas alternativas:
Sal de ervas
Para fazer o sal de ervas, será necessário quantidades iguais de alecrim, manjericão e orégano desidratados (100g cada uma) acrescidos de 100g de sal. Bata tudo no liquidificador e guarde em embalagem bem fechada. Pode ser utilizada em substituição ao sal comum.
Tempero caseiro
Para essa receita, utilize 3 cabeças de alho, 2 cebolas médias e 1 colher de sopa da erva de sua preferência (orégano, por exemplo). Depois de descascar tudo, bata no liquidificador e conserve na geladeira. Pode ser utilizado como tempero de arroz, feijão, carne e caldos.

Referências Biliográficas:
Sociedade Brasileira de Cardiologia / Sociedade Brasileira de Hipertensão / Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol 2010; 95(supl.1): 1-51. Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2010/Diretriz_hipertensao_associados.pdf.
Molina M.C.B., Cunha R.S., Herkenhoff L.F., Mill J.G. Hipertensão arterial e consumo de sal em população urbana. Rev Saúde Pública 2003;37:743-750. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102003000600009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Pesquisa do IBGE revela que o brasileiro mudou seu padrão alimentar. Disponível em: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/pesquisaIbge.pdf.
Brasil. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/guia_alimentar_conteudo.pdf.